10/16/2012


Flash do livro #17

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Olá leitores do Orsina!

Por recomendação de nosso voluntário Bruno Luis, vamos indicar o livro Irmãos Pretos, de Liza Tetzner.



A história se passa em 1838. Conta a saga do menino Giorgio, vendido pelo pai a um estranho que o venderá a outros estranhos, já na Itália, e que viverá aventuras e desventuras emocionantes, até retornar ao seu país, a Suíça.



Na Milão daquele tempo, as lareiras eram a lenha. E as chaminés necessitavam de periódicas limpezas. Aí entra o nosso herói, ou melhor, os nossos heroizinhos (que a função de limpadores exerciam-na milhares de garotos, todos maltratados, descalços, negros de fuligem. Nenhum direito lhes cabia. Nada recebiam pelos seus serviços sujos, pois o agenciador já pagara por eles a seus pais, camponeses famintos dos cantões da Suíça.

Aliás, recebiam sim: pancadas, insultos, sarcarmo, humilhaões, o favor de um prato diário de comida, às vezes um colchão para dormir, encarceramento à noite...
Recebiam sim: um manto de invisibilidade das autoridades de um e outro país, o "status" de fugitivos da lei quando escapavam das garras de seus senhores, os chamados artesãos; sovas públicas, na rua, ao mínimo deslize, com "direito" a apoios e aplausos ao carrasco sovador...
O livro choca porque fundeado em fatos: de 1800 a 1920, famílias pobres do Cantão de Ticino comerciavam seus meninos de 12, 13 anos a agenciadoreds, que os conduziam à Itália, onde eram revendidos com incrível ágio, aos mestres artesãos, que percorriam as ruas de cidades como Milão alugando-os para limpar chaminés. A tarefa lhes era adequada por serem magrinhos e pequenos.
Sob o sol, a chuva, a neve, os tapas, os empurrões, as ordens absurdas, os garotos suportavam o calor dos fornos e os riscos de lá entalarem ou de escorregarem, estatelando-se nas lareiras.
Visitavam mansões, casas luxuosas, lares comuns, cujos moradores --- políticos, juízes, cidadãos notáveis e gente comum --- jamais questionaram na natureza ou o aspecto legal daquele trabalho tão duro.
Só os mais fortes sobreviviam.


Então criaram uma Irmandade secreta, com juramentos, regras, senhas, códigos e rituais: os Irmãos pretos. Essa confraria solidária, comandada com jovens mãos de ferro, objetivava protegê-los, defendê-los de outro grupo, o dos meninos da cidade, que vivia escarnecendo deles, espancando-os quando sozinhos, e maquinando perversidades mil. Nome desse grupo: os Lobos.




 

Vale a pena conferir essa história que é existente em nosso acervo!

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